sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Organiza o natal


Cartazes produzidos pelos alunoos da professora Rosane



Organiza o Natal

Carlos Drummond de Andrade

Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de 10 meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal. É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: 10 meses de Natal e 2 meses de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas. Será bom.





Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente, de cortina de ferro à cortina de nylon — sem cortinas. Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade. Os objetos se impregnarão de espírito natalino, e veremos o desenho animado, reino da crueldade, transposto para o reino do amor: a máquina de lavar roupa abraçada ao flamboyant, núpcias da flauta e do ovo, a betoneira com o sagüi ou com o vestido de baile. E o supra-realismo, justificado espiritualmente, será uma chave para o mundo.




Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de cobrança, de descompostura nem de suicídio. O correio só transportará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall, em que noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso. A crítica de arte se dissolverá jovialmente, a menos que prefira tomar a forma de um sininho cristalino, a badalar sem erudição nem pretensão, celebrando o Advento.



A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro.




A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.


Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semi-armadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será descoberta no dicionário: paz.




O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo. Salário de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.




Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que passarão a depósito de doces, para visitas. Haverá dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível.



A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã.



O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive.


E será Natal para sempre.
Enfeites de natal criados pelos alunos com material reciclado

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

III Feira do Livro

Alunos na Feira do Livro



III Feira do Livro da E. M. E. F. Morro da Cruz


Semana passada realizamos a III Feira do livro com a seguinte programação:

07/12- Apresentação do Livro "A caligrafia de Dona Sofia" de André Neves pelos contadores de história.

08/12 - Sarau de poesia com a apresentação dos poemas escritos pelos alunos do 3° ciclo na oficina de poesia do sábado da Consciência Negra.

10/12 - Sala de leitura e de divulgação dos livros novos adquiridos pela Escola.

10 e 11/12 - Feira de Livros.



Monitores da biblioteca na Feira do Livro

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

João Cândido- 100 anos da revolta da Chibata

Marinheiros durante a Revolta da Chibata, com João Cândido ao centro, em 1910.



Lembramos que neste ano a Revolta da Chibata completou 100 anos, e na biblioteca para marcar esta data, apresentamos o vídeo documentário "João Cândido - A luta pelos Direitos Humanos" de Tânia Quaresma do "Projeto Memória João Cândido", realizamos este trabalho com diversas turmas do III.

O vídeo-documentário retiramos do site: http://www.projetomemoria.art.br/

Utilizamos também a música " O mestre sala dos mares" de Aldir Blanc e João Bosco, na voz de Elis Regina, para ressaltar a importância do "Almirante Negro", o marinheiro João Cândido Felisberto (1880- 1969). João Cândido foi um dos principais líderes desta rebelião, ainda pouco conhecida no Brasil.


Na biblioteca contamos com 2 livros sobre João Cândido: "João Cândido" de Paulo Ricardo de Moraes e " O negro da Chibata" de Fernando Granato. Na revista de História da Biblioteca Nacional, encaminhado pelo FNBE/periódico/fevereiro/2010, também encontramos informações inéditas sobre a Revolta da Chibata.


Para saber mais:
http://www.projetomemoria.art.br/

Heróis de todo mundo - Pixinguinha



Em novembro trabalhamos com a temática da Consciência Negra, realizamos atividades com os alunos, expomos materiais e disponibilizando o acervo da biblioteca para os professores e alunos acerca deste tema.

Apresentamos para os alunos o livro "História da Música popular brasileira para crianças" de Simone Cit e Iara Teixeira, deste livro contamos a história de Pixinguinha que foi um excelente maestro, compositor, arranjador, músico e acima de tudo um grande artista que conseguiu ampliar o espaço do negro na nossa sociedade.
"Eu cheguei e fui escurecendo o rádio" (Pixinguinha)


Os alunos assistiram um vídeo que nos contou um pouco mais da história deste artista maravilhoso, este material retiramos do DVD- Escola do MEC, " Heróis de todo Mundo - A cor da cultura".

Depois na sequência apresentamos aos alunos uma música de Pixinguinha e escolhemos aquela que quase todos os brasileiros conhecem e tem em sua memória musical "Carinhoso".

Retirado do livro: História da Música popular Brasileira para crianças

Ah! Não podemos esquecer que a Escola ofereceu este ano oficina de flauta doce para nossos alunos e o nosso monitor Lucas participou dessas aulas feliz da vida.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Eleição de Diretores na Escola Morro da Cruz

Apresentação das propostas das chapas concorrentes para a direção da Escola

Gestão Democrática


Pais, alunos, funcionários, professores e comunidade acabaram de participar do rico processo democrático para a escolha da nova direção da Escola. A Escola já dispõe de Conselho escolar e Grêmio estudantil e realiza eleições para a direção a cada 3 anos.
Este ano não poderia ser diferente, a comunidade escolar se envolveu ativamente na discussão e no processo eleitoral, propondo e debatendo propostas para a nova administração.

Queremos salientar o compromisso que a atual gestão teve na condução da Escola e sabemos que o mesmo ocorrerá com a direção que acabou de ser eleita.
Acreditamos que todo o processo eleitoral contribui imensamente para que todos aprendam a viver em uma sociedade democrática e participativa.



Reunião com os alunos

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Oficina de poesia no Morro da Cruz


Alunos na oficina de poesia

No último sábado integrador da Escola (20/11), a temática da amostra de trabalhos e das oficinas foi o da "Consciência Negra". Entre as diversas oficinas que aconteceram, ressaltaremos nesta postagem, a oficina de Poesia com o Professor Manuel.

Os alunos amam poesia e a escolha que o professor fez para iniciar o encontro com o grupo do III ciclo foi excelente, os versos do nosso poeta (gaúcho) Oliveira Silveira.

____________________________________________

Oliveira, na década 70, participando do movimento negro, em Porto Alegre, apontou o absurdo que era comemorar o dia 13 de maio, como o dia da libertação dos escravos e de esquecermos toda a luta e resistência dos negros neste período da história brasileira. A partir disto, iniciou-se um movimento de suma importância para o resgate da história do povo negro em nosso país.
Hoje, todos (quase todos) já ouviram falar dos Quilombos e de um dos seus principais líderes: Zumbi dos Palmares. Oliveira Silveira propôs que o dia 20 de novembro (data da morte de Zumbi), fosse a data da Consciência Negra.


Salve, Oliveira Silveira!
Poetas assim fazem muita diferença no mundo.

Encontrei minhas origens

Oliveira Silveira

Encontrei minhas origens
Em velhos arquivos
Livros

Encontrei
Em malditos objetos
Troncos e grilhetas

Encontrei minhas origens
No leste
No mar em imundos tumbeiros

Encontrei
Em doces palavras
Cantos

Em furiosos tambores
Ritos

Encontrei minhas origens
Na cor de minha pele
Nos lanhos de minha alma

Em mim
Em minha gente escura
Em meus heróis altivos

Encontrei
Encontrei-as, enfim
Me encontrei.
____________________________________________


Mas para saber como esta história (ou melhor esta oficina) termina entre no blog do professor Manuel:

http://noslemosporai.blogspot.com/2010/11/poema-negro-no-morro.html

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Dia Nacional do Samba

Patrimônio Imaterial da Humanidade desde 2005 e Patrimônio Cultural do Brasil desde 2007 , o Samba é o nosso gênero musical por excelência. Filho da riqueza africana em solo brasileiro, traz em seu cerne a nossa própria história. Em nosso cerne contamos a sua história, também.
Como definir essa grandeza? Basta escutar. Basta sentir, basta vivenciar o prazer de uma boa batucada. Nas palavras de Caetano Velloso, que não é um sambista de raiz, mas grande poeta e compositor, encontramos coisas lindas...

Desde que o samba é samba

A tristeza é senhora, desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura, a noite, a chuva que cai lá fora
Solidão apavora, tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece no quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora
O samba ainda vai nascer, o samba ainda não chegou
O samba não vai morrer, veja o dia ainda não raiou
O samba é o pai do prazer, o samba é o filho da dor
O grande poder transformador.