A biblioteca Mario Quintana, tem em seu acervo livros da poeta e haikaista, Alice Ruiz. Esta maravilhosa escritora nasceu em Curitiba no ano de 1946, começou a escrever aos 9, aos 26 publicou seus poemas em revistas e jornais e lançou seu primeiro livro aos 34 anos de idade. Também compõe letras de músicas desde os 26 anos de idade, tendo diversas canções gravadas e outras tanta inéditas.
Uma música inédita
Ninguém me canta como você
Música: Itamar Assumpção
Letra: Alice Ruiz
ninguém me canta
como você
ninguém me encanta
como você
nem me vê
do jeito
que só você
de que adianta
ter olhos
e não saber ver
ter voz
mas não ter o que dizer
digam o que disserem
façam o que quiserem
ninguém diz
ninguém vê
ninguém faz
como você
ninguém me canta
ninguém me encanta
como você
Alguns HaiKais
primeira folha de outono
no chão começa
o meio do ano.
aparecem às vezes
teias de aranha
com borboletas presas
primavera
até a cadeira
olha pela janela
fazia noites
eu não te via
vagalume de dia
por uma só fresta
entra toda a vida
que o sol empresta
luzes acesas
vozes amigas
chove melhor
Fim de tarde
Depois do trovão
O silêncio é maior.
Entre uma estrela
E um vagalume
O sol se põe.
Varal vazio
Um só fio
Lua ao meio.
Rede ao vento
Se torce de saudade
Sem você dentro.
Você deixou tudo a tua cara
Só pra deixar tudo
Com cara de saudade
Não imite os antigos.
Continue buscando
O que eles buscavam.
quem ri quando goza
é poesia
até quando é prosa
apaga a luz
antes de amanhecer
um vagalume
vento seco
entre os bambus
barulho d' água
tanta poesia no gesto
nenhum poema
o diria
o relógio marca
48 horas sem te ver
sei lá quantas para te esquecer
circuluar
sonho impar
acordo par
desacerto
entre nós
só etceteras
manhã de outono
o verde do mar
também amarela
mar bravio
cada onda
novo silêncio
diante do mar
três poetas
e nenhum verso
nuvem de mosquitos
tocando violão
silenciosamente
sinal fechado
o menino atravessa
escrevendo versos
contra o prédio cinza
uma só flor
e todas as cores
procurando a lua
encontro o sol
mas já de partida
pôr-do-sol
em torno dele
todos os cinzas
começo de outono
cheia de si
a primeira lua
som alto
vento na varanda
a samambaia samba
trânsito parado
os mesmos olhares
e ninguém se olha
último raio de sol
primeiro da lua
outono nascendo
cerimônia de chá
três convidados
e um mosquito
sob a folha verde escura
a folha verde clara
trêmula dissimula
basta um galhinho
e vira trapezista
o passarinho
névoa na estrada
à beira de um sonho
um trem para Praga
tarde cinza
toda azaléia
arde em rosa
pássaro morto
no meio da estrada
carros que voam
amigo grilo
sua vida foi curta
minha noite vai ser longa
Alguns livros disponíveis no acervo da biblioteca da escola
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