quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Poeta do Morro da Cruz - Homenagem ao escritor Machado de Assis

Este ano, quando começamos a trabalhar na biblioteca da Escola, fizemos uma linda descoberta, nossos alunos/as retiram muitos livros de poesia.

Então, resolvemos fazer um "Sarau de Poesia", que resultou em um outro Sarau, e depois na Oficina de Poesia, que está acontecendo em parceria com o Ilê Ará (com o oficineiro Maurício). Conseguimos também adquirir novos títulos de livros deste gênero literário e o blog do Jornal da Galera também vem postando lindos poemas.

Aqui no Morro, também se faz poesia. E de ótima qualidade.

E um grande poeta é o pai da Thainá, que participa do Conselho Escolar, é um assíduo colaborador dos eventos realizados na Escola e é também um leitor freqüente da nossa biblioteca.

Seu Luís, vem contribuir com o nosso blog, fazendo essa maravilhosa homenagem ao nosso grande escritor "Machado de Assis".


O imortal bruxo do Cosme Velho

No morro do livramento
Sobre a sombra da escravidão,
Legado amoral desumano,
Da elite escravocrata deste país.
Nasce o mulatinho franzino e frágil
Joaquim Maria Machado de Assis.

É batizado na paróquia de Santa Rita
Por Maria José, viúva do senador
Maria tem como posse, a quinta do
Livramento onde vivia em abundância.
Sua protetora, fada e madrinha,
Abre-lhe as portas de escol aristocrática
Em sua primeira infância.

O sarampo e a tuberculose
Ceifam as vidas da irmã e madrinha
E de sua mãe Maria Leopoldina.

Bebe o cálice do fel lutuoso!
A intimidade com a morte,
Estabelece as relações a termo
Entre o eterno e o efêmero (...)

Por este punhado de pó.
Que a morte espargi
Na eternidade do nada
Frutifica a melancolia,
Em sua infância estigmatizada!

Seu pai Francisco José
Casa-se com Maria Leopoldina.
A madrasta zela por sua educação
Na escola pública o matricula.
A única que machadinho freqüentou,
Alfabetizou-se e outro rumo tomou
Pois emérito autodidata tornou-se (...)



Em São Cristovão, uma senhora
Francesa conhece, dona de padaria.
Sua sede de saber é saciada
Pelo forneiro que lhe ensinou francês
O idioma da civilização.
Seu horizonte se amplia,
Com luzes de erudição

O adolescente neófito
Labuta com desenvoltura
Dá nexo as palavras
Na construção das idéias
Poeta aos 16 anos
Por dom e muito afinco
Pública o seu primeiro poema
"Ela" na revista Marmota Fluminense
De Francisco de Paula Brito...

Emprega-se como aprendiz de tipógrafo
Na Imprensa Nacional
O aprendiz escreve durante
Seu tempo livre,
Desenvolvendo seu dom natural
Lapidando as palavras edificando
Obras culturais e poesias de amor
Cai nas graças do diretor
E escritor Manuel Antônio de
Almeida que tornou-se seu protetor

De revisor a colaborador
Na livraria Paula Brito
Exercita a arte literária
Na revista Marmota Fluminense,
Na sociedade Petalógica constrói
Seu circulo de amigos,
A nata dos intelectuais do Rio de Janeiro,
Entre eles exaltar
Gonçalves dias e José de Alencar



Sua garra, inteligência e força de vontade,
Leva-o a vencer todas as dificuldades
Não mede esforços para sair do
Anonimato do morro e integrar-se
À vida da intelectualidade da cidade.

O poeta estréia seu primeiro livro
De poesias "Crisálidas".
Segue a carreira de funcionário público,
Tornando-se um burocrata
Discreto e modelar.
Chega ao topo da carreira
Com denodo e dedicação, torna-se
Diretor geral do Ministério da aviação!

Casa-se com Carolina,
Irmã do saudoso amigo Novaes.
Portuguesa recatada e muito culta,
35 anos de casamento feliz,
Esposa que tanto amou.
Ao perdê-la dedicou o soneto "Carolina"
Que a eternizou.

Seu primeiro romance "Ressurreição"
Foi publicado em 1872
O Globo de então (1874), Jornal
De Quintino Bocaiúva.
Publica em folhetins o romance
"A Mão e a Luva"...

Escreveu crônicas, contos,
Poesias e romances, para
As revistas o Cruzeiro, a Estação
E revista Brasileira.
Dialoga com seus eleitores,
Criando vínculos e simpatia,
Tornando-se popular.

Sua primeira peça teatral
E encenada no Imperial
Teatro Dom Pedro II em 1880
Escrita especialmente para
Comemoração do tricentenário
De Camões o poeta de "Luziadas"
Obra épica da literatura portuguesa.

Sob a proteção da deusa Atena
Traduziu obras de La Frontaine,
Dante, Shakespeare e Edgar Poe.
Sorveu a seiva poética dos
Grandes mestres, assimilando
Conteúdos que influenciaram
Na realização do refazer
Literário da obra Machadiana

Machado de Assis o contista
Exercitou o seu fazer literário
Em 205 contos, divididos em duas fases
A primeira que se chama fase
De transição
Questão do duplo fica mais evidente,
A influência de "Poe" em sua obra.

Oscilação entre o drama e a farsa
"Educadora romântica"!
"problemática realista"!
A partir da publicação de
"Papéis Avulsos"!
Em 1882, a virada Machadiana
Em relação ao conto.

Há uma mudança de enfoque,
E outro olhar se volta a
Paisagem humana!
O escritor periférico,
Exorciza influências externas
E o seu "sentimento íntimo",
Determina a nacionalidade
De seu projeto literário.
Como romancista escreveu nove livros.
A primeira fase romântica encerra
Com a publicação de "Iaiá Garcia", 1878.
Liberta o seu gênio interior
Que em seu tapete mágico transcende
E revoluciona a literatura nacional...

Com o lançamento na imprensa
Sob a forma de folhetim o romance
"Memórias Póstumas de Brás Cubas",
Inaugura o marco do realismo
Na literatura brasileira.


"Com a pena da galhofa e a
Tinta da melancolia?"
O narrador afirma ter
Construído sua obra.
O estilo narrativo "são como ébrios".
Sem linearidade temporal.
"contrastes paradoxos", melancolia e ociosidade.
A finitude temporal e a narrativa
Do morto relatando a sua vida,
Com extrema ironia,
Revelam a genialidade do autor.

Instalou no ano de 1897, a Academia
Brasileira de Letras.
Foi eleito presidente da instituição
É o fundador da cadeira nº 23, foi
Sue patrono José de Alencar.
Faleceu no dia 29 de Setembro de 1908.
Sua oração fúnebre foi proferida
Pelo acadêmico Rui Barbosa.

Machado de Assis levou um bom
Tempo para exercer sua crítica
Sutil e sua ironia ferina
Como observador da sociedade brasileira.
E de suas mazelas.

Pois como mulato viveu em uma sociedade
Escravocrata, autoritária e racista.
Soube conviver com estas barreiras
Foi um escritor urbano, que amou
Sua terra o Rio de Janeiro.
"Tudo que quis vencer venceu"
Foi escritor de 1º grandeza!

Dedico esta poesia, no centenário da morte de Machado de Assis, à todos os alunos da EMEF Morro da Cruz, na certeza que vale a pena sonhar e empenhar-se na concretização dos mesmos. Tudo é possível, Só depende de Nós.

Luís Carlos Pereira

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