quinta-feira, 26 de março de 2009

Porto Alegre

Recebemos uma poesia sobre Porto Alegre, de um assíduo colaborador do blog, o pai da aluna Thainá.

Postamos o poema e convidamos aos interessados em
fazer um passeio por Porto Alegre (através do tempo e do espaço), acompanhe o poeta Luis Carlos no "Tributo à Porto Alegre"


Tributo à Porto Alegre

Luis Carlos

“Porto Alegre, província bucólica,
Das décadas de 50 e 60, do século passado.
Patrimônio tombado em minha memória,
Que passo a relatar:
A tatuagem gravada em tua geografia,
Por linhas de aço paralelas, sulcadas em teu solo,
Sutis caminhos percorridos,
Por carruagens de ferro, que transportavam vidas,
O motorneiro, o cobrador, os passageiros e até punguistas,
Carruagens metálicas que levavam dos bairros ao Centro as famílias.

Meus sonhos de infância minha alegria de descer na Rua Riachuelo,
Aos sábados, à tardinha, lanchar fatias de torta na lancheria Rocco,
Ou cochinhas de galinha na Lancheria Touro,
Pelas mãos de meus pais seguir em frente até a Praça da Matriz,
Matar a saudade, dos meus amigos cães de bronze, dar-lhes um
Abraço fraterno, depois cavalgá-los em fantasias infantis.

Sob a concha acústica a banda municipal toca os
Primeiros acordes do seu recital.
É música, é alegria, características marcantes, do teu povo da capital.
Aos domingos de verão ir á praia de Ipanema assistir ao Clube do Guri,
Nos deleitarmos ouvindo Elis Regina cantar.

E depois mergulhar e nadar nas águas do teu lago Guaíba,
Teu eterno enamorado apaixonado,
Te emoldurando como tu fosses uma coroa de pedra preciosas e
De diamantes a cintilar pelos raios do sol, no ocaso mais lindo do mundo.
Só acabando quando o sol, já cansado, mergulha no lago,
Permitindo o anoitecer.
Chegando a noite, pelo espelho tão lindo salpicam estrelas.
E a lua surgindo não resiste a tanta beleza,
E se joga nas águas a banhar-se como uma bela princesa.

Porto Alegre de outrora, de minhas reminiscências.
Visitar exposições no Mata Borrão. Da Usina do Gasômetro
E de sua chaminé, a expelir, como se fosse uma Maria Fumaça.
Ao seu lado o cadeião. Da Praça XV e do Chalé, da Praça Parobé,
Do Passo Municipal, do Mercado Público, do Mercado livre,
Do porto, das docas do cais. Dos teus barcos singrando


Suas águas em cortejo, a saudar a tua santa em fevereiro.
Dos carnavais de bairro, bairro Sant’Ana, dos Bambas da Urgia
E dos Imperadores do Samba
Dos Grenais da baixada e dos Eucaliptos,
Do Viaduto Otávio Rocha,
Da Ponte de Pedra, dos cines:
Capitólio, Castelo e Guarani, assistir duas sessões e trocar gibi,
Do Hotel Majestic, Da Praça da Alfândega, do Alto do Bronze e da Catedral,
Do Palácio do governo, do Museu Júlio de Castilhos,
Do Teatro São Pedro, da Biblioteca Pública, e da Feira do Livro
E do poeta do Caderno H., nosso saudoso Mário Quintana.

Em Setembro é primavera e a pira da pátria, tão singela,
Na AV. João Pessoa, com sua chama acessa exalando
Civismo e patriotismo, dos desfiles militares de 7 de Setembro.
Do desfile das escolas e de suas bandas marciais.
Crianças invadem o Parque Farroupilha, abanando bandeiras
Verde-amarelas, são pais e filhos remando canoas em seu
Laguinho, comprando bilhetes para andar em seus carrosséis,
Jogando pipoca aos macacos, apreciando teus peixinhos no lago,
Emoções impregnadas nas almas, de tantas gerações.

Porto Alegre, livre, sem muro.
Do American boate e do Mil e uma Noites, da Rua da Praia
E do Café Rian, do desfile de musas e do flerte,
Do andar sensual da mulher gaúcha a exaltar beleza.
Agradecer ao Astro Rei por seus raios a incidir sobre saias
Translúcidas, como se fosse um raio-X a desvendar silhuetas.

Porto Alegre do Julinho e dos saudosos colegas assassinados
Na luta pela democracia, do Instituto de Educação,
Da campanha pela Legalidade, da ditadura militar,
Dos anos de chumbo, período anti-cidadania,
Antítese da democracia, do AI5 golpe dentro do golpe!

Da redemocratização nascem os partidos
Sob a abóbada celeste no hemisfério sul
Nasce a estrela democrática e socialista,
Que viria a ser mais tarde parceria da
Democracia participativa.
Das diretas-já, do plano Cruzado, da
Assembleia Nacional Constituinte, da
Constituição cidadã, do voto direto,
Do neoliberalismo, dos caras pintadas e do
Impeachment, do Plano Real, da reeleição e das
Privatizações. E a esperança venceu o medo,
Do crescimento econômico e da inclusão social!


Hoje tu és cidade cosmopolita e global,
Por duas vezes campeã mundial de futebol
Pelo Grêmio e o Internacional
Palco do Orçamento Participativo, construído
Pela a tua cidadania, universal, direta e voluntária,
De perfil proletária, oriunda da periferia.
São João e Marias, que constroem no cotidiano,
A Capital mundial da democracia e da solidariedade.
Por isso fostes por quatros vezes sede do
Fórum Social Mundial.

Caminhar de mãos dadas com a cidadania planetária,
Tornar realidade as nossas quimeras,
De outro mundo com justiça social,
Onde a vida seja o eixo central, e não o capital,
E uma humanidade fraterna e solidária
Que diga não ao terror, não à guerra e sim à paz.

Porto Alegre foste o cenário do meu nascimento,
E, com certeza, do meu último suspiro.
Quando abrires o teu ventre para abrigar
A minha matéria o meu espírito eterno
Levará consigo esse segundo de jornada terrena
De nesse palco ter vivido!
E publicamente declarar minha
Paixão pela cidade “eu te amo Porto Alegre”!!!

quarta-feira, 25 de março de 2009

Perda e tristeza



"A morte de cada homem diminui-me, porque eu faço parte da humanidade..."

Sabemos que os homicídios na população jovem têm aumentado nestas últimas décadas, e morrem-se cada vez mais jovens, negros, de classe popular, de forma violenta.

Nosso aluno Anderson não conseguiu escapar desta sina.

Nossa Esperança, e professor sem Esperança não é nada, é que um dia não tenhamos mais que ficar tristes pela perda de um aluno vítima da violência.

Fica na nossa memória a potencialidade de uma vida que foi perdida e também a certeza de que tudo pode ser diferente.

Lembraremos com carinho do Anderson, da sua alegria, das suas brincadeiras, da sua agitação, do seu bom humor....

Que a vida de cada ser humano não seja em vão....

______________________________________________________

Na biblioteca encontramos um ótimo livro sobre a morte que pode ser utilizado em todos os anos ciclos: "O dia em que a morte quase morreu" de Sandra Branco.

Mulheres e os contos de fadas




Quem não conhece as tradicionais histórias dos Contos de Fadas, onde as protagonistas são as pobres e indefesas donzelas: Cinderela, Branca de Neve, Bela Adormecida, Chapeuzinho vermelho, etc...



Sem entrar no viés das questões psicanalíticas e terapêuticas presentes nestes contos, como tão bem nos apontou Bruno Bettelheim, no seu livro "Psicanálise dos contos de fadas", estas histórias têm em comum, personagens femininas que precisam de um herói ou de um príncipe para lhes salvar e/ou as proteger dos perigos da vida. Por conta disto, neste mês da mulher, resolvemos contar para algumas turmas da Escola, um conto do Livro "O violino cigano - e outros contos de mulheres sábias", de Regina Machado.


A história escolhida foi: "Mais inteligente que o rei"(um conto turquestano). A autora comenta que encontrou este conto nas mais diferentes culturas: África, Europa, no mundo Árabe, nas Filipinas, Mongólia, no folclore judaico e na Índia de dois mil anos atrás. A versão que consta no livro é a do Turquestão e traz, como nas outras versões encontradas mundo a fora, o mesmo padrão, a da jovem esperta e inteligente.


Então ao contrário das heroínas que encontramos nas histórias dos Irmãos Grimm ou das que encontramos nos contos de Hans Christian Andersen, as que figuram nos contos de " O violino cigano", estão longe de serem mulheres ou meninas, que precisam ser salvas e/ou não conseguem enfrentar a sua jornada por conta própria.

As protagonistas são guerreiras, camponesas, pastoras, fiadeiras, jovens, velhas, belas ou feias e buscam superar os obstáculos que apresentam-se nos seus caminhos, utilizando recursos como: a força, a perseverança, a astúcia, a inteligência e a sabedoria.


Os contos apresentados nesse livro foram coletados e buscados na tradição oral de vários povos e países. Mas o que mais difere destes contos dos outros contos de fadas tradicionais é a relevância do elemento feminino, que figura com a sua força, inteligência e sabedoria. Estes contos mostram e não procuram esconder (como acontecem em outro contos de fadas famosos) a energia vital do princípio feminino.


Recomendo a leitura do livro, pois os contos apresentam experiências de aprendizagem e sabedoria, que serve para qualquer pessoa, homem ou mulher. Para colher este conhecimento basta estar aberto e saber ouvir sobre a nossa humanidade e a nossa aventura na terra.


domingo, 22 de março de 2009

Dia mundial da Água - 22 de março

Olho d'água no terreno da Escola Morro da Cruz

Declaração Universal dos Direitos da Água

De acordo com a Declaração Universal dos Direitos da Água, ela é seiva do nosso planeta e condição essencial da vida na terra.

Confira os dois primeiros artigos da declação:

Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta.Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.
Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta.Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem.

Sites interessantes:


Agência Nacional de Águas - www.ana.gov.br

Ministério do Meio Ambiente - www.mma.gov.br


Água na Comunidade Morro da Cruz


Outro tema que vem ganhando destaques nas pautas governamentais e de notícias é sobre a falta e a escassez da água e os conflitos decorrentes disto.


Para especialistas, conflitos por água vão crescer

(site terra)




A biblioteca da Escola tem à disposição diferentes materiais sobre a água (cartilhas, panfletos, livros) que podem ser utilizados em sala de aula.

sábado, 21 de março de 2009

.... e mulheres sabem contar histórias como ninguém...

O dia 20 de março foi o

"Dia do contador de Histórias".


E para homenagear os/as Contadores/as de histórias, queremos falar de uma protagonista dos Contos Árabes, que para salvar a sua vida e de outras mulheres, confiou na sua habilidade de contar histórias e no poder que isto tem em mudar pessoas e vidas.

A protagonista era Sherazade, que se não é, deveria ser considerada a Padroeira dos Contadores de Histórias. Afinal, ela como ninguém conseguiu enfrentar um tirano e vingativo sultão, que após uma desilusão com uma mulher, resolveu matar todas as suas futuras esposas depois de uma noite de prazer.

Sherazade para enfrentar o tirano resolveu utilizar uma única arma, a arma da sedução pela palavra e o poder terapêutico que uma boa história pode desencadear.


Que os/as
Contadores de histórias continuem nos encantando, enfeitiçando, curando, alegrando, ensinando ou simplesmente embelezando a vida com suas histórias e com a arte milenar de contar histórias.

terça-feira, 17 de março de 2009

... e por falar em mulheres...


Hoje, dia 17/03 é aniversário de nascimento de uma grande mulher que se foi muito cedo: Elis Regina. Acredito que não tem muito o que comentar, pois como disse um dia um filósofo, "Um grande amor não se explica, se vive". E assim ela viveu, amando intensamente e, para a nossa sorte, expressando todos os sentimentos com sua voz. Como tudo o que é intenso e genuíno permanece forte em nossos corações, além de seu legado artístico, ainda nos fez o favor de colocar no mundo outra linda cantora, Maria Rita, que com pouco tempo de carreira nos faz resumir palavras a seu respeito. Grandes mulheres. Como as que eu conheço e convivo: as colegas, mães, vizinhas, amigas e também as que nunca vou conhecer, mas estão por aí fazendo a roda da vida girar. Todas grandes artistas, merecedoras de todos os seus sonhos e delícias.

Antes que eu esqueça, dia 12 de março foi o Dia do Bibliotecário! Segundo o blog do curioso do Marcelo Duarte, http://colunistas.ig.com.br/curioso/ , tem até um site
Bibliotecários Sem Fronteiras que resolveu comemorar este dia com uma lista das "bibliotecárias mais gatas do Brasil!!!! Não há o que haja, né, gente?
Um abraço feminino!!!!


segunda-feira, 9 de março de 2009

A palavra é....Mulher

Recebemos um Kit pedagógico intitulado:

"Almanaque histórico - Nísia Floresta-
Uma mulher à frente do seu tempo" do Projeto Memória




Este almanaque resgata a história de Nísia Floresta, que nasceu em 1810, no Rio Grande do Norte, foi educadora, escritora, defensora dos direitos da mulher, e é considerada uma das primeiras feministas no Brasil (chegou inclusive a morar um tempo em Porto Alegre).

Encontramos no Almanaque a história de uma só mulher, mas com várias militâncias (Nísia indianista, Nísia abolicionista, Nísia republicana...)


Sugerimos o Almanaque como um ótimo material para ser utilizado em sala de aula. Mas mesmo que você não o utilize nas aulas, vale a pena dar uma olhada e conhecer a história desta Mulher.

Maiores informações: http://www.fundacaobancodobrasil.org.br/
(programas e ações/educação/projeto memória)


Escrevendo sobre Nísia, lembrei de uma outra mulher sábia, que nasceu em 1889, em Góias, seu nome era Ana, mas resolveu ser chamada de Cora Coralina.


Todas as vidas
Cora Coralina


Vive dentro de mim
Uma cabocla velha
De mau-olhado,
Acocorada ao pé do boralho,
Olhando o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço...
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo


Vive dentro de mim
A lavadeira do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d’água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
Pedra de anil.
Sua coroa verde de são Caetano.

Vive dentro de mim
A mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.

Vive dentro de mim
A mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada, sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.

Vive dentro de mim
a mulher roceira.
-Enxerto da terra,
meio casmurra.
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos,
Seus vinte netos.

Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha...
Tão desprezada,
Tão murmurada...
Fingindo alegre seu triste fado.

Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida –
A vida mera das obscuras.



domingo, 1 de março de 2009

Bom Ano letivo

E o ano letivo inicia novamente...
Com novas aprendizagens, práticas, amigos(as), rotinas, conversas, trabalho, suor, risos, lágrimas...

Ano passado aprendi muito na Escola.
Uma das minhas aprendizagens foi a respeito dos ideogramas da etnia Adhinkra, de Gana.
Descobri a riqueza desta etnia, e como a sua simbologia é carregada de elementos míticos que trabalham questões arquetípicas presentes em toda a humanidade.



Painel com símbolo Adhinkra
(confeccionado nas oficinas sobre Consciência negra com a professora Suzi
Gyen Nyame (simboliza a supremacia de Deus)
O painel encontra-se na biblioteca da Escola.



Que o ano letivo de 2009, seja repleto de aprendizagens novas !!!



Bom retorno à todos (as) professores(as), funcionários e alunos (as)



da Escola Morro da Cruz!!!