segunda-feira, 9 de março de 2009

A palavra é....Mulher

Recebemos um Kit pedagógico intitulado:

"Almanaque histórico - Nísia Floresta-
Uma mulher à frente do seu tempo" do Projeto Memória




Este almanaque resgata a história de Nísia Floresta, que nasceu em 1810, no Rio Grande do Norte, foi educadora, escritora, defensora dos direitos da mulher, e é considerada uma das primeiras feministas no Brasil (chegou inclusive a morar um tempo em Porto Alegre).

Encontramos no Almanaque a história de uma só mulher, mas com várias militâncias (Nísia indianista, Nísia abolicionista, Nísia republicana...)


Sugerimos o Almanaque como um ótimo material para ser utilizado em sala de aula. Mas mesmo que você não o utilize nas aulas, vale a pena dar uma olhada e conhecer a história desta Mulher.

Maiores informações: http://www.fundacaobancodobrasil.org.br/
(programas e ações/educação/projeto memória)


Escrevendo sobre Nísia, lembrei de uma outra mulher sábia, que nasceu em 1889, em Góias, seu nome era Ana, mas resolveu ser chamada de Cora Coralina.


Todas as vidas
Cora Coralina


Vive dentro de mim
Uma cabocla velha
De mau-olhado,
Acocorada ao pé do boralho,
Olhando o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço...
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo


Vive dentro de mim
A lavadeira do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d’água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
Pedra de anil.
Sua coroa verde de são Caetano.

Vive dentro de mim
A mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.

Vive dentro de mim
A mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada, sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.

Vive dentro de mim
a mulher roceira.
-Enxerto da terra,
meio casmurra.
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos,
Seus vinte netos.

Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha...
Tão desprezada,
Tão murmurada...
Fingindo alegre seu triste fado.

Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida –
A vida mera das obscuras.



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