domingo, 14 de julho de 2013

Lenda " O canto da flauta mágica: O Irapuru"


O Brasil é o 2º ou 3º (depende da fonte pesquisada) país do mundo em biodiversidade de ave-fauna. Os índios brasileiros nos contemplaram com um legado riquíssimo de lendas, através da transmissão oral. 

No livro: " O casamento entre o céu e a terra- Contos dos povos indígenas do Brasil"Leonardo Boff comenta a integração sinfônica do índio com a natureza. 

" O índio se sente parte da natureza e não um estranho dentro dela. Por isso, em seus mitos, seres humanos e animais, cobras, peixes e plantas "inter-agem", "con-vivem", se falam e se casam entre si. Intuíram o que sabemos pela ciência empírica: que todos formamos uma cadeia única e sagrada de vida."

                        O canto da flauta mágica: o irapuru

O irapuru é um dos menores pássaros da floresta amazônica e sem qualquer cor que chame atenção. Comparando ao esplendor dos papagaios e dos tucanos, pode ser considerado até feio. Mas, em compensação, possui uma voz incomparável. 
Seu gorjeio acontece já ao alvorecer, quando todos os demais passarinhos estão ainda dormindo. Sua voz, bela e triste, penetra longe pela mata afora. Porque o irapuru gorjeia com tanto sentimento?
Os índios Tupi encontraram uma explicação.




Havia na tribo um jovem que tocava maravilhosamente flauta. Não era bonito e não tinha nada de especial, apelidaram-no de Catuboré, que na língua dos índios significa “flauta mágica”. 

Por causa dos sons melodiosos de sua flauta era cobiçado pelas meninas da aldeia. No entanto, somente a simpática Mainá conseguiu conquistar seu coração. Marcaram o casamento para a primavera. Mas aconteceu uma tragédia. Certo dia, Catuboré saiu para pescar num lago distante da maloca, escureceu e nada de ele chegar.


Mainá procurou durante um dia inteiro, com o coração apertado e com maus pressentimentos. No dia seguinte, a tribo inteira procurou o índio por todos os caminhos, e finalmente o encontrou. Estava morto, ao pé de uma grande árvore. Logo entenderam: uma serpente venenosa lhe havia picado mortalmente a perna.

Todos choraram, de modo especial Mainá. Como estavam distantes da aldeia resolveram enterrar Catuboré ali mesmo, ao pé da árvore que assistira à sua morte.
Mainá, quando a saudade batia mais forte, chorava aos pés da árvore, onde estava enterrado o seu amado.
A alma de Catuboré, vendo a tristeza da namorada, não conseguia ficar em paz. 
Pediu, então, ao espírito da mata que o transformasse em um pássaro, mesmo que fosse pequeno e feio, contando que fosse cantador, seria capaz de consolar Mainá.

E foi transformado, então, no irapuru. O irapuru é parecido com Catuboré, não possui nada especial, mas canta como ninguém na floresta, num som semelhante ao da flauta.


Conta-se, que ocasionalmente o irapuru canta e, todos os animais sentem-se atraídos uns pelos outros, começando a namorar e a se beijar. Os outros pássaros se calam completamente em respeito ao canto do irapuru à sua amada.




Esta versão da lenda foi retirada do livro:

"O casamento entre o céu e a terra- Contos dos povos indígenas do Brasil" de Leonardo Boff.



Canto de alguns pássaros: 


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