Agosto é o mês do folclore, entre tantos livros legais com este tema, tanto para a leitura como para a contação de história, iremos sugerir um que tem como ilustrador Geraldo Valério, os seus desenhos são lindamente coloridos e alegres.
Dois dos bichos que aparecem em muitas das histórias do folclore brasileiro são a tartaruga e o jabuti. Neste livro, encontraremos mais quatro histórias tendo como personagem central estes animais. No total no livro são oito histórias, entre elas " A festa no céu" e quem nunca a ouviu ou leu quando criança.
Mas a história escolhida para apresentarmos foi outra:
Do livro: “Histórias de bichos brasileiros – Folclore brasileiro”
Recontadas por Vera do Val.
O jabuti e o caipora
O caipora estava andando pela floresta quando ouviu uma
conversinha. Era a cotia, que estava botando os filhos para dormir e dizendo:
- Tratem de me obedecer porque senão eu chamo o jabuti. Ele
é o bicho mais forte de toda a floresta e não gosta de criança desobediente.
Na mesma hora o caipora viu que as cotiazinhas deram uma
tremida, fecharam os olhos e trataram de obedecer à mãe.
Então o caipora
pensou: “O jabuti, forte? Que história é essa? Essa cotia é maluca. Eu sou o
caipora e sou muito mais forte que ele. Tenho que dar um jeito nisso.” Pensou e saiu à procura do jabuti.
Larari... riri... riri...
Lereré... reré... reré
O caipora escutou a musiquinha e foi atrás dela. Encontrou o
jabuti todo feliz, à beira da lagoa, tomando sol e tocando sua gaita. Esperou
acabar a música, cumprimentou o jabuti e, franzindo a testa, perguntou:
- Amigo jabuti, que história é essa que ouvi da cotia? Que
você é o mais forte da floresta?
O jabuti, que nem sabia daquela conversa, levou um susto.
Mas pensou: “Ora, não vou dar o braço a torcer para o caipora?
- Ora, ora! O mais forte da floresta sou eu. Que conversa
boba essa sua. Eu sou o caipora, o mais forte, o mais corajoso. Não tenho medo
de nada e ainda passo o tempo todo defendendo os bichos.
- Corajoso pode ser – respondeu o jabuti, que não estava
gostando nada daquela exibição do caipora. – Mas o mais forte sou eu.
- É coisa nenhuma – disse o caipora, enfezando.
A essa altura dos acontecimentos muitos bichos curiosos já
rodeavam os dois. O jabuti viu que ia ficar ruim para ele e teve uma ideia.
Resolveu desafiar o caipora:
- Tem que provar isso – ele disse, pegando o cipó grosso e
comprido. – Eu vou para a água e você fica na margem. Cada um segura uma ponta
do cipó e puxa. Vamos ver quem ganha, se você me tira da água ou se eu levo
você para dentro dela.
O caipora riu.
- Vamos lá, jabuti atrevido. Mas depois não me venha chorar.
Você vai sair na minha primeira puxada. E o macaco dará o sinal para começar.
- Não vai dar nem para o cheiro – riu o macaco, concordando.
Segurando sua ponta de cipó, o jabuti mergulhou. No fundo da
lagoa viu um peixe imenso que estava cochilando. Depressa amarrou o cipó na
cauda dele. Na margem, o caipora segurava a outra ponta e ria, se vangloriando.
- Esse jabuti vai levar uma lição.
Quando o macaco deu o sinal, o jabuti beliscou bem forte o
peixe. Acordando de supetão, o peixão deu um pulo e saiu na disparada. O
caipora não teve tempo nem de dizer ai. O cipó deu um puxão e ele não conseguiu
se segurar. Ainda tentou fazer força, mas não adiantou nada. Mergulhou na lagoa
de ponta cabeça. Teria sido arrastado para o fundo se não largasse depressa sua
ponta do cipó.
- Socorro! Socorro! – berrou o caipora, que não sabia nadar.
O jabuti o empurrou até a margem. Cuspindo água, tossindo
feito doido, o caipora gemeu:
- Me perdoe, jabuti. Você é muito mais forte que eu.
A bicharada, muito espantada, aplaudiu. Cheio de si, o
jabuti voltou para a sombra da árvore a tocar a sua gaita. O caipora o olhou
com respeito. Daquele dia em diante até a onça-pintada passou a respeitar o
jabuti. Afinal, ele era o bicho mais forte da floresta.
O Caipora:
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Caipora é uma entidade da mitologia tupi- guarani. A palavra “caipora” vem do tupi caapora e quer dizer "habitante do mato".
No folclore brasileiro, é representada como um pequeno índio de pele escura, ágil, nu, que fuma um cachimbo e gosta de cachaça.
Habitante das floresta, reina sobre todos os animais e destrói os caçadores que não cumprem o acordo de caça feito com ele. Seu corpo é todo coberto por pelos. Ele vive montado numa espécie porco do mato e carrega uma vara.
Aparentado do Curupira protege os animais da floresta. Os índios acreditavam que o Caipora temesse a claridade, por isso protegiam-se dele andando com tições acesos durante a noite.
No imaginário popular em diferentes regiões do País, a figura do Caipora está intimamente associada à vida da floresta.
Ele é o guardião da vida animal. Apronta toda sorte de ciladas para o caçador, sobretudo aquele que abate animais além de suas necessidades.
Afugenta as presas, espanca os cães farejadores, e desorienta o caçador simulando os ruídos dos animais da mata. Assobia, estala os galhos e assim dá falsas pistas fazendo com que ele se perca no meio do mato.
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