domingo, 29 de junho de 2008

Documentário "Canto de Cicatriz"

Recebemos de doação do Escritor, Celso Gutfreind, o documentário"Canto de cicatriz" (RS, 2005, 37min). Direção, roteiro, montagem e produção executiva de Laís Chaffe. Direção de fotografia: Juliano Lopes Fortes. Música: Yanto Laitano. Direção de produção: Raquel Sager.
Participação especial: Ingra Liberato, com o poema Canção para a menina maltratada, de Celso Gutfreind.
Prêmio Direitos humanos no RS; Dois prêmios Galgo Alado no Gramado Cine Vídeo: Melhor no gênero vídeo social e melhor vídeo independente.

É um documentário sobre violência sexual contra meninas, sabemos que é um tema difícil, e que nós professores já vivenciamos, acompanhamos e sofremos com alguns casos. É um tema tabu, pouco ou nunca discutido em nossas formações. O documentário traz depoimentos de vítimas, de especialistas, filmes de ficção, apresenta mitos e preconceitos em relação ao assunto. Um aspecto que considerei importante no documentário, é que os depoimentos nos trazem o conforto de que existe superação para este trauma, e as vítimas contam como. Claro que as marcas e as cicatrizes permanecem, mas elas podem ser cuidadas, suavizadas e afagadas.
O documentário está disponível na biblioteca para empréstimo, já temos lista de espera.


Nosso agradecimento ao Celso Gutfreind pela doação e pela sensibilidade ao escrever o poema "Canção para a menina maltratada."


Canção para a menina maltratada
Celso Gutfreind

Não, não será com métrica

nem com rima.

Uma coisa sem nome violentou uma menina.

Ação barata sem a prata

do pensamento

o ouro do sentimento

o dia da empatia. Noite.

Uma coisa. Não era o lobo

nem o ogro nem a bruxa,

era a fúria do real

sem o carinho do símbolo.

Stop, a poesia parou.

Ou foi a humanidade?

Stop nada, a menina sente e segue

com métrica, rima, graça, vida.

Onde está tua vitória, ignomínia?

Uma prosa continua

poética como era

saltitante o bastante

para não perder a poesia.

A coisa (homem?) é punida como um lobo

no conto de verdade. E imprime-se um nome

na ignomínia.

A menina liberta expressa

ri e chora, volta a ser

qualquer (única) menina.

Pronta para a métrica

pronta para a rima

pronta para a vida

(canto de cicatriz),

pronta para o amor a dois,

à espera, suave, escolhido.

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